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2018-04-12
Muitos são os casos de utentes que vêm até à nossa equipa de Fisioterapeutas por queixas de dor na coluna, principalmente nas regiões lombar e cervical. A causa da mesma é, em muitas circunstâncias, as chamadas "hérnias discais". Mas afinal o que é uma hérnia discal? Será que há forma de reverter uma hérnia? Sabia que a cirurgia apenas está indicada em último recurso e que muitas vezes não traz uma recuperação total?
Vamos desmistificar isto.
Na coluna, entre cada vértebra, existem discos intervertebrais, cuja função é amortecer o impacto entre as vértebras e aumentar a mobilidade da coluna. É formado por uma parte mais central, o núcleo pulposo, e uma camada mais externa, o anel fibroso. A hérnia discal não é mais que a "rotura" do anel com saída do seu conteúdo (o núcleo) para o exterior. O núcleo ao sair pode causar compressão das estruturas neurológicas (por ex.: raiz nervosa), ou apenas inflamação. As hérnias discais são mais comuns na região lombar e na cervical.
30% a 60% das pessoas apresentam hérnia sem sintomas! Caso o tamanho ou localização da hérnia não atinja outros elementos, pode não despertar nenhuma sintomatologia ou existir apenas dor local. Em situações mais agudas, poderão existir sintomas que dependem da localização da hérnia discal.
No caso de hérnias na região lombar, poderá surgir dor nessa mesma região e/ou dor irradiada (que “desce” ao longo da perna num trajeto especifico), falta de força numa das pernas, sensação de formigueiro ou de adormecimento numa perna ou numa nádega, perda de controlo dos esfíncteres ou uma sensação de queimadura.
Quando o disco herniado se localiza na região cervical, a dor localiza-se no pescoço com irradiação para os ombros ou para um braço. Pode ainda causar cefaleias na região da nuca. Este tipo de hérnias pode associar-se a perda de força num braço, com sensação de formigueiros ou adormecimento, perda de controlo dos esfíncteres ou sensação de queimadura nos ombros, pescoço ou braços.
A hérnia discal surge quando as fibras do anel fibroso não conseguem suportar a pressão exercida sobre o disco intervertebral, gerando uma sobrecarga compressiva que leva à degeneração do disco. Esta sobrecarga compressiva pode ser causada por:
excesso de peso corporal;
défice de mobilidade;
alterações posturais;
alterações degenerativas da coluna vertebral (osteófitos, artrose, etc);
traumatismo da coluna levando a compressão dos discos;
profissões ou atividades desportivas que exijam levantamento de pesos excessivos por longos períodos de tempo (principalmente se realizados de uma forma inadequada);
fraqueza muscular dos estabilizadores da coluna;
fatores hereditários, etc.
Todas as normas de orientação clínica para o tratamento destas condições defendem que a cirurgia a uma hérnia discal só deve ser realizada em situações de clara compressão nervosa com diminuição da sensibilidade e força e/ou quando os tratamentos conservadores não se mostraram efetivos. Vale ressalvar que:
É comum, após cirurgia de extração da hérnia, permanecer a dor e os sintomas ou não ocorrer um total alívio das queixas! PORQUÊ? Porque a hérnia não era o problema!
A cirurgia não desbloqueia as zonas rígidas nem restaura a mobilidade necessária para o corpo, LOGO há potencial/risco da hérnia voltar!
ATENÇÃO ao pós-cirúrgico de hérnia discal: criam-se aderências importantes naquele local, o que pode trazer uma nova sintomatologia. É essencial tratar esses tecidos!
As mesmas orientações apontam para o recurso a técnicas de terapia manual e exercício como primeira opção de tratamento, após o uso de medicação na fase mais aguda. De entre as técnicas de terapia manual, a Fisioterapia destaca-se pela sua enorme eficácia, nomeadamente através da Reeducação Postural Global (RPG).
A RPG é uma técnica da Fisioterapia na qual são realizados alongamentos globais e ativos de forma a alinhar o corpo de uma forma global e especifica, tendo em consideração a causa do problema, neste caso, a causa da hérnia. Esta técnica visa:
Recolocar a hérnia discal, utilizando uma respiração profunda e específica;
Restabelecer o equilíbrio muscular global e uniformizar as tensões corporais;
Aliviar a pressão centrada no nível da hérnia ou noutras regiões em sofrimento;
Recriar a curvatura cervical e lombar;
Libertar as zonas rígidas, evitando o movimento excessivo a outros níveis;
Permitir que o corpo se mova de forma segura e com menor esforço no dia a dia;
Evitar que se forme outra hérnia ou que a mesma volte a dar queixas!
A maioria das pessoas que sofrem de dor nas costas por hérnia discal pensa que se a sintomatologia diminui ou desaparece, é porque o problema está resolvido, mas a verdade é que isso deve ser apenas o começo da fase de correção/prevenção.
Depois de se conseguir melhorar a mobilidade quer articular, quer muscular, é importante iniciar um programa de exercícios para estabilização da coluna, que têm como objetivo recrutar os músculos responsáveis pela estabilidade e proteção da mesma. Estes exercícios podem, numa primeira fase, ser aprendidos e realizados juntamente com o Fisioterapeuta e numa segunda fase, podem ser realizados autonomamente em casa ou em aulas de grupo (ex.: Pilates Clínico).
Outro dos principais fatores a ter em conta é a adoção de hábitos saudáveis, como a perda de peso e a adoção de posturas corretas durante a realização das atividades de vida diária, e incluir também a realização de atividades aeróbicas, como caminhar, bicicleta ou natação.
A fase de prevenção é para o resto da vida. Tal como temos que lavar os dentes todos os dias para manter uma correta higiene oral, também devemos realizar atividades que nos permitam uma “correta higiene postural”.
Na Desaffius, temos profissionais qualificados em RPG e Pilates Clínico que trabalham dedicamente e olham para o corpo humano como um todo. Procure-nos, peça opinião, informe-se e saiba o que pode fazer para melhorar a sal saúde!
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